06/01/2009

CHÃOS DE GUERRA

Uma chamada de atenção para o mundo real.


Reuters – 04 Jan 2009


Chãos de Guerra

Eugénio de Sá


Não há altares que valham, que se bastem
Nem d’Alah as bandeiras esverdeadas
Que o sangue é negro e corre p’las estradas
Não há mais cor que as orações resgatem.

Que céus são esses que a fumaça esconde?
Que estrondos colossais, que vil fragor,
Ofendem tanto a terra do Senhor
Que procura o amor, sem saber onde!

Ódios à solta atrás dos canhões
Meninos-homens, raivas sem idade
Chãos semeados só de humilhações.

Pasma-se o mundo de incredulidade
Esgrimem-se vozes, gritam-se razões
Mas estes chãos são de infertilidade!


Brasil
04/Jan/2008



Eugénio de Sá



Eugénio de Sá nasceu em Lisboa, no típico e antigo bairro da Ajuda, em 29 de Março de 1945.

8 comentários:

A. João Soares disse...

Um grito de alerta para a bestialidade da humanidade que pretende resolver os mínimos desentendimentos à pancada em vez de dialogar com argumentos racionais.
Que futuro está o homem a preparar para a sua espécie?
Beijos
João

Pata Negra disse...

Vi do Miradouro este blogue e vim aqui gostar de ler esta poesia.
Eugénio Sá... andrade...carneiro...´
Retive o nome e deixo um abraço

Unknown disse...

Querida amiga,
um fantástico poema de intervenção!
Como diz o nosso amigo e colega João, que futuro é este que o Homem está a preparar para os seus descendentes?
O mundo está a mudar, mas a mudança é realmente assustadora, a ambição desmedida, a falta de sentimentos e incoerencia, estão a destruir a paz e o amor.

Beijinhs,
Ana Martins

Ana Maria disse...

Triste uma cena como essa, enquanto poderia haver só a paz.
Beijinhos no coraçao!

o que me vier à real gana disse...

Do chateado:

Pertinente foto. Não há mais pertinente, no dia d'hoje!... Excelente o texto escolhido. Melhor não podia!
Muito e bom conheces tu, minha senhora!... Já não me surpreendo.

Aqui o Carlitos deseja ao pessoal cá do "Sempre Jovens" um feliz 2009; deseja tb dizer-lhes que, como cachopito que sou, gosto muito de cá vir; ainda, k nunca, nunca mesmo, mesmo quando fores velhinha, nunca te mandem daqui pr'ó lar mais próximo... ou não (o não refere-se à distância, eheheh!).

PAZ na TERRA!
Palestinizemo-nos um bocadinho!; ajudemos ao equilíbrio! Nunca gostei de ver um calmeirão a bater num pequenito!

Tá!

A. João Soares disse...

Caros comentadores anteriores,

Como diz a amiga ANA MARTINS, a Guerra surge em consequência da «ambição desmedida, da falta de sentimentos e da incoerência» dos governantes, apoiados por uma mentalidade doentia dos povos demasiado dominados pelo sentido de posse, pela propriedade privada e pelos denominados interesses nacionais, com significados deturpados, na defesa de falsas noções de soberania.

Aqui, o sentido de posse do terreno, leva os palestinianos a considerarem que a «sua» área «não devia ter sido ocupada» por estranhos, mas também a detestarem um povo que pelas suas qualidades, criando condições económicas diferentes por ter capacidade de inovação, criatividade, organização e produtividade, geradora de riqueza, lhes desperta devido a tal notória diferença, o sentimento manifestado pela serpente na fábula «O vagalume e a serpente». O papel de vagalume está a ser o de Israel que, não podemos ocultar, é um País reconhecido internacionalmente que é constantemente ameaçado de ser eliminado, e essas ameaças passam das simples palavras e vão ao ponto de verem os seus cidadãos em festas ou outras concentrações da vida corrente serem massacrados por bombistas suicidas ou sabotagens ou mísseis e rockets. Quando o seu poder de encaixe se esgota reagem e fazem-no com demasiada força, para serem dissuasores. Do outro lado o fanatismo e a obsessão pelo objectivo de expulsarem este povo trabalhador, organizado, produtivo, inovador, não desarmam e continuam na sua sanha de mal fazer, apoiados por Países invejosos que se sentem mal ao lado de um povo que lhes desafia a inveja, por ser exemplar como Estado organizado e desenvolvido.

Mas, mais do que a soberania dos Estados e do que os interesses nacionais, um marcante móbil da guerra é a estupidez do ser humano, mais propriamente, a ambição de poder, a vaidade dos políticos. Essa insensibilidade conduz à destruição de património, por vezes de grande valor para a humanidade e de instalações essenciais para a vida das pessoas, conduz a perdas de vidas, que tendo em conta que cada uma é um valor irreparável, acontece em grandes números, levando ao uso de termos como massacre e hecatombe. Entre essas perdas e outros maus efeitos da guerra, não podemos deixar de destacar o sofrimento das crianças ainda inocentes e sem culpas, que é muito impressionante. Mas se, com a guerra, toda a gente sofre, directa ou indirectamente, há indivíduos mais protegidos dos seus malefícios que, para injustiça do destino são os bafejados pelo Poder, aqueles que foram os causadores dessas guerras, que as decidiram, sem primeiro terem tentado encontrar soluções pacíficas para as suas ambições de mais poder.

Nas guerras desta região, como disse PATA NEGRA noutro blog, não pode deixar de se referir o problema religioso, pois as religiões são um grande inconveniente, por considerarem possuir o melhor Deus, o único, o que as torna irreconciliáveis com os seguidores de Deuses diferentes. As guerras de origem em motivos religiosos, contra os infiéis, sempre foram demasiado sangrentas e prolongadas. Actualmente, nesta região do planeta, os fanáticos mais aguerridos, obcecados por impor e dilatar a sua fé são os seguidores do Islão.

Parece não haver muitas dúvidas de que a guerra, qualquer guerra, é fruto da estupidez de políticos que, cegos pela sua ambição de poder e de visibilidade, em vez de resolverem os desentendimentos à mesa das conversações, usam a violência, sem pensarem na multidão de inocentes que irão sofrer as consequências.

Um outro factor não negligível é o facto real de que todas as guerras enriquecem uma série de empresas que abastecem o esforço militar. As muitas variedades de armamentos e equipamentos são o produto acabado de uma série complexa de empresas industriais. Daí termos que desconfiar dos lóbis de tal indústria a empurrar os políticos para a guerra. Talvez sejam eles os principais culpados de não se enveredar pela solução pacífica de muitos conflitos de interesses.


Na realidade, quem ordena a guerra não se importa com as vítimas prováveis, ou mesmo certas, mas incógnitas. Não se trata de um pugilato entre os presidentes dos países em conflito. A classe a que eles pertencem não tem sensibilidade humana de gente de bem. Se a tivessem, procurariam dialogar, se não fosse possível directamente, deviam fazê-lo através de intermediários qualificados. Na nossa vida prática, de cidadãos, se tivermos um desentendimento com um vizinho e não conseguirmos negociar com ele, contratamos um advogado e este, com a outra parte ou o advogado desta, tenta chegar a um acordo, ou se não o consegue vai para tribunal.

Na vida internacional este esquema está a ser pouco utilizado. A ONU não é merecedora de crédito para isto. Foi este ano dado o prémio Nobel a um diplomata Finlandês por ter participado com êxito em muitos casos, quer internos de Estados quer entre Estados vizinhos.
Será uma actividade a desenvolver. O difícil é encontrar mediadores isentos e credíveis, respeitados por ambas as partes em conflito. Torna-se absolutamente necessário que o mundo tenha uma Organização com autoridade para conduzir os beligerantes ao diálogo, à negociação.

Cumprimentos
João

Pelos caminhos da vida. disse...

Cena bem triste essa,seria muito bom que a PAZ reinasse entre os povos.

beijooo.

Daniel Costa disse...

Mariazinha

Veremos se a terceira tentativa, consigo dizer, que a escolha poema foi extremamente oportuna, porque se ter reacendido o conflito, do Médio Oriente.
Na verdade, enquanto não fôr posível um diálogo eficaz, sempre se manterá. Aquele povo, parece ter nascido sob o signo da guerra.
Beijinho,
Daniel